Friday, June 22, 2007

Internet democratiza ou exclui?

As novas tecnologias permitem uma gama extraordinária de opções para a democratização da informação. As informações disponíveis na rede podem ser acessadas de qualquer local e isso contribui para que as pessoas tenham um acesso a informações que antes eram impossibilitadas devido às restrições geográficas. Ainda relacionado às novas, existem espaços na Web que possibilitam a veiculação de opiniões de quaisquer pessoas. Ou seja, passa a existir na rede um novo espaço de discussão. Mas, essas possibilidades me parecem ser de consentimento da maioria. No entanto, a grande questão é se essas novas possibilidades de democratização da informação realmente podem ser consideradas verdadeiras ao levarmos em conta a Exclusão Digital que há na maioria dos países, principalmente os em desenvolvimento como é o caso do Brasil.

Passo a abordar um pouco desse tema estimulado pela aula de hoje do Site do Pós que estou participando, onde a professora Blog da Raquel deixou após a sua brilhante explanação que partiu da discussão da sociedade e a Pós-modernidade falando da era da informação e deixou as seguintes questões:

1. Apesar de novas potencialidades democráticas, as TCIS apresentam o sério problema da exclusão digital da sociedade da informação.
2. A exclusão digital é também exclusão da economia digital.
3. A valorização da informação como capital total.
4. A apropriação das tecnologias como forma de uso influencia o modo através do qual as tecnologias são criadas e desenvolvidas.
5. Questão da educação a distância X apropriação.
6. Questões políticas e sociais do digital. Novas possibilidades e novos problemas.

A partir do que venho estudando em Comunicação há alguns anos, posso já concluir que a Internet realmente possibilita tal democratização da informação. Penso que a rede permite a criação de espaços para que cidadãos comuns coloquem para o grande público seus pontos de vista e que a partir daí surjam espaços de discussão. Como é o caso dos blogs e dos seus comentários. Os veículos de comunicação tradicionais, como a Folha de S. Paulo por exemplo, tentam cada vez mais poder contar a participação dos seus leitores. Como agora que eles passam a utilizar a mesma estratégia que o Terra usou com o VC Repórter para garantir a sua audiência. Sim, agora há um espaço no site da Folha Online para se enviar textos e imagens relatando fatos para que sejam publicados junto do conteúdo do jornal. Há ainda o site G1 da rede Globo que permite com que seus visitantes façam comentários em algumas notícias, abrindo o espaço para discussão.

A partir de todas essas possibilidades parece inquestionável que a Internet veio para democratizar a informação e permitir a participação coletiva da discussão dos temas do cotidiano. Então, a Internet seria o que viria para tornar a Liberdade de Expressão possível a qualquer cidadão.

Mas, conforme colocado pelas questões explanadas pela professora, precisamos ser ainda mais críticos, visto que poucos têm acesso a computadores e ainda menos pessoas a Internet. Sendo assim, passo a me perguntar o que acredito também ser questionado por um grande grupo de pessoas que estudam a Comunicação

Concordando que a Internet seja o novo espaço para a discussão pública:

1. Se os temas de relevância para a sociedade passam a ser discutidos na rede, não se estaria excluindo da discussão pública todas as pessoas que não têm acesso ao mundo digital?
2. Já que para ter acesso à informação é necessário de ter acesso à rede, não se estaria excluindo ainda mais essas pessoas sem contato com a Internet do acesso a informação?

A partir disso, tenho algumas conclusões iniciais. Em minha opinião, para que essa democratização da informação na rede seja algo realmente possível é necessário que todos tenham acesso à rede. A partir daí teríamos realmente um espaço onde as pessoas poderiam publicar suas opiniões e participarem de discussões públicas. Vejo também que a rede o acesso à Internet se torna cada vez mais crucial para que se tenha acesso às informações necessárias para nossas vidas profissionais. Por essa razão, as pessoas que não têm acesso à Internet passam a ser ainda mais excluídas das informações necessárias para suas vidas.

Então, a possibilidade de democratização da informação na rede, no meu entender, passa a ser mais uma forma de exclusão social. Ou seja, o que deveria democratizar exclui ainda mais.

Saturday, June 09, 2007

Não concordo

Os blogs são considerados por muitos como um novo espaço aberto à discussão pública. Os blogueiros estariam postando suas opiniões frente a alguns fatos e aguardando pelos comentários de seus amigos, leitores e internautas em geral, que viriam a fazer comentários opinando a favor, contra ou mesmo mediando frente à postagem dos blogueiros.

Essa questão me chamou a atenção quando estava lendo uma postagem que eu não concordava em um blog que costumo ler com certa freqüência e que de vez em quando faço comentários. Até esse dia então, o que eu lia nesse espaço seguia mais ou menos o que eu pensava. Então, logicamente os meus comentários eram sempre em concordância à opinião apresentada pelo blog. Apenas escrevia com a intenção de complementar com alguma idéia própria, quando julgava necessário que o assunto fosse mais explorado. Mas, confesso que em nenhum momento até então tinha discordado das opiniões apresentadas e que por isso nunca havia tido a necessidade de vir a comentar contrariando tal blogueiro.

Então, ocorreu que não fiz comentário algum. Apenas vi que não concordava com aquilo, mas não publiquei nada para expressar a minha opinião contrária. O fato é que não me senti confortável em publicar contrariando a opinião daquela pessoa por dois motivos: em primeiro lugar, temi a reação que a pessoa poderia ter ao ler minha opinião que ia contra a dela e; em segundo lugar, tive receio de publicar a minha opinião por pensar que também pudesse eu estar totalmente errado.

Normalmente sou muito forte em meus posicionamentos e dificilmente fujo de uma discussão [claro, desde que construtiva], mas isso se for presencialmente. No momento em que a minha opinião estaria ali discordando de alguém, documentada, para qualquer um poder contrariar-me e eu vir a perceber que estava totalmente errado, tive medo de posicionar-me.

A partir daí passei a verificar melhor os comentários dos blogs que eu costumo ler e percebi que quase todos, para não dizer todos, concordam com a opinião do blogueiro e seguem aquela linha de posicionamento de apenas acrescentar algo mais, mas em nenhum momento percebi alguma contrariedade.

O que concluo num primeiro momento é que esse espaço de “discussão” nos blogs é usado apenas para que as pessoas aumentem seus laços sociais e não, efetivamente, usado como um novo espaço para discussão pública. Claro que uma pesquisa aprofundada poderia desbancar facilmente isso que digo, mas é fácil também perceber que isso ocorre com certa freqüência.

Vou analisar isso mais aprofundadamente daqui para frente e voltar a postar a respeito. Pode até ser que mereça uma pesquisa, pois já faz algum tempo que penso em estudar os comentários que são feitos na Internet, sejam em blogs ou mesmo em outros sites que os possibilitam.

Mas, o que passarei a pensar mesmo desde agora é até que ponto eu posso vir ou não fazer comentários discordando. Claro, que essa postagem já deve contrariar o que penso, a partir do momento em que alguém faça um comentário discordando de mim. Mas, caso isso ocorra, peço que me aponte em outro blog o mesmo fato, já que penso que terá grande dificuldade em achar.

Então, você concorda? – Não! Então, me mostra. :p